Axé
Afoxé
São grupos folclóricos do carnaval da Bahia.
O nome também é extensivo à festa semi-religiosa em que esses grupos saem às ruas, no cumprimento de obrigações de certos Candomblés.
Nessas ocasiões os grupos de se utilizam de cantos e danças derivados de pontos tradicionais do Candomblé, fato que vem tornando a prática objeto de discussões e objeções.
Se por um lado é uma manifestação definitivamente incorporada ao Carnaval baiano, por outro é considerado como aberração e desrespeito às cerimônias religiosas dos Candomblés.
A crítica mais acentuada diz respeito à forma leiga e popularesca com que os pontos tradicionais do Candomblé, alguns até considerados secretos pelos tradicionalistas, são apresentados pelos grupos, além da utilização, de forma estilizada, dos rituais litúrgicos daquele culto.


As Crenças Negras
Os negros africanos acreditavam na existência de dois mundos distintos: o “AYÉ”, que correspondia à Terra e onde se desenrolavam os fenômenos sensíveis e no qual vivem as criaturas, e o “ORUM”, correspondente ao Além, região incomensurável habitada pelos espíritos e, consequentemente, pelos deuses, os Orixás.
Segundo as tradições africanas, originalmente, não havia separação entre esses dois mundos, que se interpenetravam e eram livremente frequentados, tanto pelos espíritos e divindades, como pelo homem.
Ocorreu, porém, em certa época, que um casal sem filhos passou a insistir junto a Oxalá, o Deus da Criação, para que lhes fosse dado um herdeiro, e tanto fizeram que Oxalá acabou cedendo, sob o compromisso de que essa criança jamais ultrapassasse os limites do “Ayé”, penetrando no “Orum”.
O menino, contudo, mais adiante, não apenas desobeceu a essa proibição, como afrontou Oxalá, provocando a ira e a represália do Orixá, que, como castigo a esse “pecado original”, lançou seu cajado, o “Apaxoró” contra o “Ayé”.
No percurso, o cajado separou magicamente os dois mundos, interpondo entre eles o céu visível e o espaço atmosférico, e assim privando o homem de seu acesso ao “Orum”.
Tal como em outras religiões, vê-se que o orgulho desse primeiro “pecador” perdeu toda a humanidade.
O “Igbá-Odu”, a cabaça dividida em duas metades que se ligam, simbolizará, no “Pejí”, esses dois mundos então formados, o mundo invisível e o mundo físico.
Como resultado dessa divisão, o homem passou a ser dependente da realização de cerimoniais, através dos quais, mediante a presença dos Orixás, que se manifestavam no “Ayé”, podia continuar se relacionando e comunicando com o mundo espiritual.
A obrigação de realizarem esses cerimoniais conduziu os negros africanos ao estabelecimento de sequências rituais e à invocação dos Orixás, na medida de suas necessidades de interligação com o mundo espiritual, dando origem aos princípios das religiões tribais.

