Axé
Afoxé
São grupos folclóricos do carnaval da Bahia.
O nome também é extensivo à festa semi-religiosa em que esses grupos saem às ruas, no cumprimento de obrigações de certos Candomblés.
Nessas ocasiões os grupos de se utilizam de cantos e danças derivados de pontos tradicionais do Candomblé, fato que vem tornando a prática objeto de discussões e objeções.
Se por um lado é uma manifestação definitivamente incorporada ao Carnaval baiano, por outro é considerado como aberração e desrespeito às cerimônias religiosas dos Candomblés.
A crítica mais acentuada diz respeito à forma leiga e popularesca com que os pontos tradicionais do Candomblé, alguns até considerados secretos pelos tradicionalistas, são apresentados pelos grupos, além da utilização, de forma estilizada, dos rituais litúrgicos daquele culto.


Elegbá ou Exú
PERFIL
Exú é nome de origem Yorubá, “Esú”, que significa esfera. Sua energia é capaz de se manifestar de forma espiralada. É o guardião dos terreiros.
Elegbá ou Exú, entidade originária dos cultos daomeanos, é a figura mais controvertida dos cultros afro-brasileiros, e também a mais conhecida.
Há, antes de mais nada, uma discussão sobre se Exú é um Orixá ou apenas uma entidade diferente, que ficaria entre a classificação de Orixá e a de ser humano.
Os teóricos mantem-se divididos entre as duas possibilidades.
De qualquer forma, sem dúvida Exú trafega tanto pelo mundo material, o “Ayé”, como pelo mundo sobrenatural, o “Orun”, onde habitam os Orixás.
Importante ressaltar que Exú de maneira alguma pode ser confundido com os “Eguns”, as almas dos seres humanos desencarnados.
Exú é figura de projeção entre os Orixás: apesar de subordinado aos poderes deles, constituem-se numa figura poderosa, sendo numerosas as lendas onde não somente enfrenta as divindades, como lhes prega peças e até as vence.
Figuras limite entre o astral e a matéria, os Exús são entidades dotadas de um grande poder, nem sempre conscientes da magnitude dessa força, desconhecendo seu limite e as consequências resultantes ao envolver os seres humanos vivos.
Sua função mítica é a de servirem como mensageiros: são os Exús que levam os pedidos e oferendas dos homens aos Orixás, intermediando as duas partes.
Por isso é considerado o Senhor dos caminhos.
Por estar mais próximo da realidade humana é considerado o Orixá das causas materiais.
Exú é imprescindível em qualquer ritual, porque é o único que efetivamente assegura em uma dimensão o que está acontecendo na outra, abrindo os caminhos para os Orixás se aproximarem dos locais onde estejam sendo cultuados.
O poder de comunicar e ligar também lhe confere a faculdade de interromper esse contato.
Esse direito foi traduzido mitologicamente no conceito de Exú habitar as encruzilhadas, passagens e cruzamentos, sendo o Senhor das Porteiras, ou seja, das entradas e das saídas.
Independentemente de Ogum, o Deus da Guerra, ser considerado o Senhor dos Caminhos, Exú é o Senhor da Força - “Axé” - que percorre esses mesmos caminhos.
Exú é a entidade que brinca e diverte, possibilitando prazeres aos seres humanos, mas também opera com forças terríveis e de grande amplitude, nem sempre controladas, podendo provocar acontecimentos e inclusive causar o mal.
Exú é a entidade não lapidada, que ainda não difere a prática do bem da prática do mal, limitando-se a executar o trabalho para o qual foi convocado.
Por isso, pode ser manobrado pelos praticantes dos cultos, quer para o bem, quer para o mal, cabendo a estes, no entanto e por consequência, a responsabilidade pela incorreta aplicação dos poderes e forças de Exú.
Exú é entidade masculina, tendo seu correspondente feminino na Pomba- Gira, entidade em que se destaca o senso de humor debochado, a voluptuosidade e a sensualidade desenfreada.
Confundido por muitos, erroneamente, com o diabo cristão, Exu é incontestavelmente um dos mais populares e conhecidos orixás do candomblé.
Possui qualidades e vícios tão característicos que é definido como o mais humano dos orixás.
Êxu, mensageiro, é um Orixá trabalhador, um servidor que para alguns é muito querido e para outros, muito temido. Comanda no vício, na justiça, nas finanças e intercede nas dificuldades humanas e são muito próximo de nós.
Exú é um companheiro espiritual que, como nós, está em busca da evolução, pois é espírito que espera, uma nova oportunidade de reencarnar, e, para isso, aprende a importância da vida através das nossas vidas.
Os Exus atendem por pseudônimos e cada um tem o seu significado: Exu Rei, Exu Sete Catacumbas, Exu Veludo, Exu Tiriri, Exu Pé-de-Bode, Exu Sete Facadas etc.
Dentro dessa escala de evolução existem espíritos evoluídos, encarregados de orientar os outros que estão evoluindo, e nesses casos eles mudam do título: Exu passa a ser chamado de Bará.
CARACTERÍSTICAS DE EXÚ
O Exu na Umbanda corresponde à vibração energética de um espírito que já conheceu as profundezas do mal e do apego à matéria e agora decidiu trabalhar apenas para a Luz.
Sendo assim, nada mais indicado que um Exu para cuidar das questões cármicas mais sérias e materiais dos homens e para protegê-los daqueles que ainda não decidiram caminhar para o bem e para a luz.
As gargalhadas assustadoras e as mudanças faciais, podem assustar aqueles que não estão familiarizados com a força do Exu na Umbanda.
Na verdade, como tudo nessa religião, há um propósito oculto para isso.
Como esses Orixás são os guardiões e os protetores dos médiuns precisam afastar e espantar o mal.
Conhecendo a vibração dos espíritos mais baixos esse é o mecanismo que têm para afastá-los, demarcando território com risadas, tridentes, passadas bruscas e palavrões.
A conduta do Exu vai depender de doutrinamento e das exigências do dirigente da Casa.
Os Exus são os Senhores do Carma.
Conhecem o bem e o mal de perto e ainda vibram em uma frequência
próxima à matéria, sendo os primeiros a nos ajudar com questões materiais.
Existem Exus na Umbanda que ainda se mantém não-doutrinados e que podem fazer o Mal, porém, muitas vezes não é nem porque querem, e sim porque obedecem fielmente a lei do Carma: se uma ação tem início na mente maldosa de um médium, quem seria esse Orixá para desvirtuá-lo de seu Carma?
Nessa hipótese Exú é o mero executor da tarefa e, realizando-a, trabalha no sentido de sua própria evolução.
A responsabilidade cármica pela criação e natureza da tarefa imposta a Exú, é do médium ou pessoa que a idealizou.
Um Exu na Umbanda é sempre honesto e costuma deixar bem claro para o consulente a responsabilidade por suas escolhas e ações.
Há Exu na Umbanda que são homens, como Exu Caveira, Exu Veludo, Tranca Rua, Exu Tiriri, Exu Marabô e também as Exus mulheres como a Maria Padilha, a Maria Molambo, a Pomba-gira Cigana, dentre outras.
Muitos são vaidosos e gostam de receber presentes, mas muitas dessas exigências podem ser apenas da cabeça do médium.
Por isso, é importante ter giras de desenvolvimento dessa energia e oferecer os padês necessários para a firmeza dos médiuns e da casa.
É neles que os Exus buscam forças para exercer o seu trabalho.
MITOLOGIA
Filho de Oxalá e Yemanjá, o nome mitológico desse Orixá era, originalmente, Esú ou Esú-Elegbará, tendo sido simplificado pelos daomeanos para Legbá, de onde provém a nomenclatura que recebe presentemente.
Exú é a única entidade a ter trânsito livre nas nove partes que compõe o mundo visível e o mundo invisível.
Além de portador da força que percorre os caminhos e de ser o mensageiro por excelência, ele é ainda o guardião dos limites e o elemento de união entre eles.
Bem a propósito, uma de suas representações gráficas o retrata como Juno, o deus romano dos limites, que ostenta duas faces, uma oposta à outra.
Exú foi um dos companheiros de Odudua, quando este chegou a Ifá, e tornou-se, mais tarde, assistente de Orumilá, Orixá que preside as adivinhações e o Jogo de Búzios.
É, por isso, aquele que conduz até o babalaô que esteja operando o Jogo, as respostas de Orumilá, sugerindo-as em sua mente.
As lendas a respeito de Exú tendem a demonstrar seu carater malévolo, malicioso e insidioso, mas, dentro do conceito de que ele também possue seu lado bom, umas poucas histórias também se referem a esse caráter benigno.
Destas últimas, uma se refere a Olófi, um dos tipos de Oxalá, que, em determinada ocasião, caiu gravemente doente, e sua cura deveu-se aos préstimos de Exú. Como recompensa, Olófi determinou que, em todas as cerimônias, Exú fosse servido em primeiro lugar.
Outras lendas a respeito de Exú, contam que ele teve numerosas brigas com outros Orixás, e nem sempre se saiu vencedor.
Perante Oxalá, a quem preparou a armadilha da sede que resultou na perda do saco da criação e trouxe desastradas consequências para aquele Orixá, Exú foi derrotado. Certa feita, enquanto lutavam, em disputa da primazia de ser o mais antigo Orixá, Oxalá se apoderou da cabaça onde Exú encerrava seus poderes, e, com isso, transformou-o em seu servidor.
Outra lenda, já se referindo ao caráter malígno de Exú, conta como ele provocou a briga entre dois lavradores, cujas plantações eram separadas por uma estrada. Exú passou a andar por essa estrada levando à cabeça um boné que de um lado era vermelho e do outro, branco. Ao comentarem sua passagem os lavradores, cada qual tendo visto apenas um lado do boné, discutiram acerca de sua cor e, não podendo chegar a um acordo, tornaram-se inimigos.
Conta outra lenda que, procurado por uma rainha que fora desprezada pelo marido, Exú prometeu-lhe fazer um amuleto que lhe traria de volta o esposo, desde que recebesse alguns fios da barba do rei. Em seguida, Exú procurou o rei e disse-lhe que a rainha planejava mata-lo naquela noite. Exú ainda foi ter com o filho do casal, que vivia em outra casa, e disse-lhe para correr ao palácio naquela noite, para defender sua mãe, visto que o rei iria mata-la. À noite, estando o rei deitado e fingindo dormir, recebeu a visita da rainha que chegava com uma faca, pretendendo cortar-lhe os fios de barba exigidos por Exú. Pensou o rei que se confirmava o aviso de Exú e, tomando a faca da rainha, chamou seus guardas para prende-la. A esse tempo, chegava o príncipe com seus guerreiros, e encontrando o pai armado com a faca que tirara da rainha, acreditou no que lhe contara Exú, e, na defesa da mãe, atacou com suas tropas. O resultado foi uma grande carnificina.
Ainda outra lenda conta que, havendo uma mulher cuja ocupação era vender seus produtos no mercado, Exú, certa feita, ateou-lhe fogo na casa, indo em seguida ao mercado para avisa-la. Enquanto a mulher corria para apagar o fogo, inutilmente, pois ele já lhe consumira a casa, Exú aproveitava para roubar os produtos que ela havia deixado no mercado.
Essas lendas denotam o caráter ardiloso e maldoso de Exú, que praticava tais vandalismos em vingança por não ter sido devidamente homenageado pelos personagens dessas histórias, com os sacrifícios e oferendas de que se entendia merecedor.
As cores de Exú são o negro e o vermelho. O negro representando o oculto em potencial, sem diferenciação, e o vermelho representando o elemento que dinamiza o oculto, permitindo que ele se manifeste.
E, por coincidência ou não, no espectro visível ao olho humano, o vermelho é a vibração de menor frequência, abaixo da qual, tudo é negro, pela ausência da luz.
Senhor de todas as direções do espaço e do tempo, Exu é um Orixá controverso em muitos aspectos, o que torna difícil defini-lo de maneira coerente.
Representando o princípio do movimento, ele atua sobre os ventos, as águas, o planeta, a luz do sol, e até o movimento do sangue em nossas veias é por ele impulsionado.
Exú é o Ego de cada ser. O companheiro do Homem nas suas atividades do dia-a-dia.
Exú se revela como o mais humano dos Orixás: nem totalmente bom, nem totalmente mau, e assim como o Homem, é capaz de promover a paz e a guerra; é capaz de amar e odiar; de unir e separar.
Exú fala todas as línguas de modo que controla a comunicação entre os Orixás, no Orum, e entre os Homens, no Aiê, e, em conseqüência, as comunicações entre o Orum e o Aiê, sendo o portador das oferendas e dos pedidos do Homem aos Orixás.
Exú sempre foi o mais alegre e comunicativo dos Orixás.
Nas festas, no Orum, ele tocava os tambores e cantava, para trazer a alegria e a animação ao evento., até que um dia, os outros Orixás acharam que o barulho era muito e a animação exagerada, e pediram a Exu que parasse para que a paz voltasse a reinar.
Exí assim, fez e jamais voltou a tocar os tambores, respeitando a vontade da maioria.
Até que, lá adiante, os Orixás começaram a sentir falta da música pediram a Exu que voltasse a animar as festas.
Exu, ofendido, recusou-se, mas prometeu dar essa função à primeira pessoa que encontrasse.
Logo apareceu um homem, de nome Ogan, e Exu confiou-lhe a missão de tocar os tambores e entoar os cânticos para animar as festividades dos Orixás.
E, daquele dia em diante os homens que exercessem essas funções seriam respeitados e denominados Ogans.
Exú foi o primeiro filho de Iemanjá e Oxalá.
Era muito agitado e apreciava fazer brincadeiras com todos mundo.
Tantas fez, que acabou sendo expulso de casa e saiu vagando pelo mundo, até que esse mundo ficou na miséria, assolado por secas e epidemias.
O povo consultou Ifá, que explicou que Exu estava zangado porque ninguém se lembrava dele nas festas, e ensinou que, para qualquer ritual dar certo, seria preciso oferecer, primeiro, um agrado a Exu.
Desde então, Exu recebe oferendas antes de todos, mas tem que obedecer aos outros Orixás, para não tornar a fazer tolices.
ELEGBÁ NA ÁFRICA
Esú-Elegbará ou Legbá era um Orixá de múltiplos e contraditórios aspectos.
De um lado ele possuia caráter irascível, gostando de suscitar discussões e disputas, e de provocar acidentes e calamidades.
Era astucioso, vaidoso e insolente.
Por isso, os primeiros missionários que chegaram à África o compararam com o diabo, dele fazendo o símbolo de tudo que representava o mal.
Por outro lado, Esú-Elegbará também possuia seu lado bom, mostrando-se serviçal e prestativo, quando tratado com consideração e cortesia, constituindo-se num Orixá protetor daqueles que, regularmente, lhe ofereciam oferendas e sacrifícios.
Era assim, o mais humano de todos os Orixás, não sendo nem completamente bom, nem completamente mau, e assemelhando-se, portanto, aos seres humanos.
Era considerado o protetor das casas, dos templos, das cidades e das pessoas, e servia como intermediário entre os deuses e os homens, razão porque nada se fazia sem que oferendas lhe fosse dedicadas, antes de a qualquer outro Orixá, de forma a neutralizar suas tendências de provocar mal-entendidos entre os seres humanos e os deuses.
ELEGBÁ NO BRASIL
Elegbá é o nome adotado, no Brasil, para esse Orixá, que é o segundo comandante das “Linhas Estranhas”.
Também aqui chegou a ser associado com Satanás, embora não tenha inspirado grande terror, uma vez que, se tratado convenientemente, trabalha para o bem, não obstante encarregar-se de empreendimentos maléficos, quando para isso convocado.
É considerado um Orixá poderoso e perigoso, porquanto dirige uma Linha constituída por entidades instáveis, caprichosas e ciumentas, e que, se instigadas, tornam-se malévolas: os Exús.
É o encarregado de proporcionar a segurança ao terreiro e aos trabalhos desenvolvidos, razão porque os cerimoniais sempre se iniciam por cantos e oferendas em sua homenagem.
Esses sacrifícios - cachaça, água, farofa de dendê, etc. - são-lhe oferecidos fora dos limites do local de culto, embora dentro dos terreiros, em local próprio, na cerimônia denominada “Padê a Exú”.
É cultuado na parte externa dos terreiros, muitos dos quais, e sem exceção os de Candomblé, possuem um local apropriado e especialmente dedicado a Exú, que é conservado sempre fechado e se denomina “Ilê Dokutá”, que significa “Casa ou Assentamento de Exú”.
Nos terreiros de Umbanda, que usualmente não possuem um “Ilê Dokutá”, o “Padê a Exú” é simplificado, restringindo-se, na maior parte das Casas, a uma simples asperção de cachaça nos cantos do salão de culto e na soleira da porta de entrada.
Possuem nomerosos nomes: Bará, Orebará, Elebará, Embaraó, Aluviá, Pavená, Cubango, Rondirá, etc. Nos Candonblés, é chamado de Suvalá, Homem da Rua ou Homem das Encruzilhadas. Na Umbanda, recebe o tratamento de “Compadre”.
Gosta muito de fumo e seus despachos são realizados, a maior parte das vezes, e preferencialmente, em encruzilhadas de pouco movimento.
Não possuem propriamente sincretização com qualquer santo católico, embora, em alguns lugares do Sul do País, seja costume associa-lo a Santo Antonio e, em Porto Alegre, observar-se um sincretismo pouco usual, associando-o a São Pedro, numa correlação com a função desse santo católico de “porteiro do Paraíso”, que lhe outorga a responsabilidade pelo tráfego das almas, da mesma maneira como Exú é o responsável, nos terreiros, pelo tráfego das energias.
Segunda-feira é o dia da semana que lhe corresponde, e sua festa é realizada em 29 de junho, dia de São Pedro.
ARQUÉTIPO
O arquétipo de Exú é muito comum em nossa sociedade, onde proliferam pessoas de caráter ambivalente, ao mesmo tempo boas e más, porém com inclinação para a maldade, o desatino, a obscenidade, a depravação e a corrupção.
São pessoas que tem a arte de inspirar confiança e dela abusar, mas que apresentam, em contra-partida, a faculdade de possuir inteligência e compreensão dos problemas alheios e dão ponderados conselhos, embora o façam com tanto maior zelo quanto mais elevada for a recompensa esperada.
As cogitações intelectuais enganadoras e as intrigas políticas lhes convêm particularmente, e são, para eles, garantia de sucesso na vida.
REGÊNCIA
Orixá masculino.
É o segundo comandante das Linhas Estranhas.
Por ser o mensageiro dos Orixás, seu poder de regência são os caminhos.
RESUMO

