Axé
Afoxé
São grupos folclóricos do carnaval da Bahia.
O nome também é extensivo à festa semi-religiosa em que esses grupos saem às ruas, no cumprimento de obrigações de certos Candomblés.
Nessas ocasiões os grupos de se utilizam de cantos e danças derivados de pontos tradicionais do Candomblé, fato que vem tornando a prática objeto de discussões e objeções.
Se por um lado é uma manifestação definitivamente incorporada ao Carnaval baiano, por outro é considerado como aberração e desrespeito às cerimônias religiosas dos Candomblés.
A crítica mais acentuada diz respeito à forma leiga e popularesca com que os pontos tradicionais do Candomblé, alguns até considerados secretos pelos tradicionalistas, são apresentados pelos grupos, além da utilização, de forma estilizada, dos rituais litúrgicos daquele culto.


Os Passes
Veja também:
Passe é o nome que se dá no Espiritismo à imposição de mãos. Segundo os adeptos desta doutrina, visa promover a doação de bioenergias de um indivíduo ao outro. O passe é uma prática amplamente difundida entre os espíritas.
O passe é transfusão de energias da natureza física, biológica, psíquica e espiritual, de uma pessoa para a outra, fazendo-se isto, geralmente, estendendo as mãos. Dá-se o nome de passista a quem dá o passe.
Para os espíritas a "cura" não se dá pelo passe, pura e simplesmente, podendo ser um processo que dure mais que uma encarnação pelo reajuste espiritual do indivíduo, sendo este um simples mecanismo de auxílio.
Para alguns não-espíritas, o passe espírita seria um derivado das ideias de magnetismo animal de Franz Anton Mesmer, e esses mesmos o considerariam charlatão.
Muito embora outros estudos questionem a validade das conclusões então encontradas quando dos estudos de Lavoisier e Benjamin Franklin contra Mesmer, Gabriel Delanne expôs um histórico do fenômeno da cura pelo magnetismo, lembrando que desde a remota antiguidade os sacerdotes tinham conhecimento profundo das propriedades das práticas magnéticas, citando os magos da Caldeia, os brâmanes da Índia e em seu tempo, os faquires; assim também egípcios, que "empregavam, no alívio dos sofrimentos, os passes a aposição de mãos, como os executamos ainda em nossos dias", citados nos escritos de Arnóbio, Celso e Jâmblico.
Celso narra que Asclepíades de Pruse, entre os romanos, fazia adormecer as pessoas acometidas de frenesi. De todos os antigos, o mais famoso nesta prática foi, de igual forma era prática comum na Gália entre os druidas e estes eram tão aptos e famosos na prática que vinham pessoas de todo o mundo consultá-los.
Na Idade Média os sábios praticavam-na, e Avicena, no século X escreveu que a alma pode atuar não apenas sobre o próprio corpo,mas também sobre os corpos dos outros, a distância.
Em 1682 Valentine Greatrakes curava com as mãos, na Inglaterra.
No século XIX Allan Kardec reporta a prática do passe como parte da mediunidade curadora em diversas de suas obras; em A Gênese ele diz: "É muito comum a faculdade de curar pela influência fluídica e pode desenvolver-se por meio do exercício; mas, a de curar instantaneamente, pela imposição das mãos, essa é mais rara e o seu grau máximo se deve considerar excepcional."
Na terminologia da época, Kardec menciona que há doação de "fluido": "O médium curador transmite o fluido salutar dos bons Espíritos" e, “ao contrário dos médicos que estudaram e dos magnetizadores que muitas vezes davam da própria saúde, estes não poderiam cobrar pelo que faziam”.
Ensinou, ainda, o codificador da Doutrina Espirita, que se trata de um tipo especial de mediunidade, mas que "essa faculdade não é essencialmente mediúnica: possuem-na todos os verdadeiros crentes, sejam médiuns ou não. As mais das vezes, é apenas uma exaltação do poder magnético, fortalecido, se necessário, pelo concurso de bons espíritos."
Léon Denis, contemporâneo de Kardec, assinalava que "...o magnetismo vem a ser a medicina dos humildes e dos crentes", enquanto Angel Aguarod pregava que "reservemos para os magnetizadores a medicina do espírito" e Albert de Rochas já utilizava o termo "passes" e falava em "imposição de mãos".
Segundo Carlos Torres Pastorino (1973) o passe seria uma transfusão de elétrons de um indivíduo ao outro: “Os passes, portanto, são um “derramamento” de elétrons, através das pontas dos dedos, para restabelecer o equilíbrio daquele que recebe o passe, e que deles está carecente.”
No Brasil
As práticas espíritas de cura receberam, no Brasil, diversas abordagens pelo meio científico, ao longo da história.
Num primeiro momento, autores como Henrique Roxo e Xavier de Oliveira, psiquiatras, chegaram a relacionar o espiritismo como o terceiro maior agente causador de distúrbios mentais, só perdendo para a sífilis e o alcoolismo.
Estudos seguintes trataram de colocar a Doutrina Espírita entre as práticas sobrenaturais, de magia.
Também haveria ligação entre o espiritismo e a criminalidade, dizendo que suas práticas compunham uma "indústria organizada para explorar a credulidade pública".
Num segundo momento, contudo, a ciência tratou de olhar as práticas como algo "cultural", dentro da ótica sociológica e antropológica.
Conceituações
Segundo o Dicionário Aurélio passes (no plural), é: Ato de passar as mãos repetidamente ante os olhos de uma pessoa para magnetizá-la, ou sobre parte doente de uma pessoa para curá-la. Passista é, assim, um termo que para os espíritas designa "médium que aplica passes".
Jacob Luiz Melo traz outras definições sobre a cura ou tratamento espiritual pela imposição de mãos, dividindo-as entre os conceitos espíritas e aquelas feitas por outras correntes religiosas.
Tipificação
Mario Tamassia vê três tipos básicos de passe, segundo a sua finalidade: passe de limpeza ou dispersivo; passe fluídico ou de transfusão; e passe de desenvolvimento mediúnico.
Seria, segundo este autor, dispersivo o passe que tem por finalidade eliminar os fluidos negativos, promovendo uma "limpeza" espiritual em quem o recebe; é aplicado em movimentos rápidos e vigorosos das mãos, tanto no sentido longitudinal (de cima para baixo), quanto no transversal.
O passe fluídico é, ao contrário do anterior que visa à retirada de fluidos, uma transfusão destes; sua realização se dá com movimentos mais lentos, podendo ser: de radiação geral, quando o passista faz projeções à altura da fronte, do coração e do umbigo; rotatórios, fazendo movimentos estimulantes diante do ponto a ser tratado; vibratório local, com movimentos rápidos no lugar.
Passe de corrente ou espiritual é o passe magnético aplicado de forma coletiva; passe de energização é aquele em que há transmissão de energias revitalizantes, de origem anímica ou espiritual; passe dispersivo é aquele que promove a limpeza magnética, a assepsia vibratória.
Doença e cura na abordagem espírita
Dois pontos devem ser considerados, na abordagem do espiritismo sobre a doença e a cura: as ideias sobre a evolução espiritual e as energias.
Assim sendo, no mundo a busca pelo continuado aperfeiçoamento espíritos em graus diversos de desenvolvimento convivem, fazendo com que entre encarnados e desencarnados fluam energias, tanto positivas quanto negativas, sendo a doença uma forma de indicar fraqueza moral ainda a ser corrigida.
A doença pode, além das causas da vida do indivíduo, ainda decorrer de situações em vidas passadas, segundo a doutrina do carma, da qual teria se apropriado Allan Kardec.
Em certos casos a doença deriva da ação direta de espíritos menos desenvolvidos, que encontram pontos de acesso nas pessoas mais vulneráveis, configurando assim a obsessão.
O passe e o centro espírita
O passe faz parte do contexto das medidas assistenciais do centro espírita, muitos deles organizados de forma burocrática – onde os espaços são definidos para cada atividade e os tratamentos ocorrem sob metódico controle.
Essas medidas consistem numa assistência pedagógica, que implicam em esclarecimentos tanto ao doente quando aos espíritos, de forma que condutas e pensamentos tidos como inferiores não permitam voltem a entrar em sintonia.
O passe, então, consiste na transfusão de energias que permitiriam o fortalecimento de energias, enquanto se processa o progresso moral.
No centro o ambiente é preparado para a realização dos passes; a música ao fundo é suave, a fala dos médiuns é pausada e lenta e dirigida a que os presentes fiquem em silêncio e relaxados e a iluminação azul completam o quadro; os recebedores ficam concentrados, de olhos fechados, enquanto os passistas realizam a movimentação das mãos sobre suas cabeças e ao redor do corpo de cada um.
Os passes na Umbanda
A prática dos passes também foi incorporada pela Umbanda, vertente sincrética fundada em 1908 no Brasil, que absorveu elementos do catolicismo, das religiões africanas, do espiritismo e do xamanismo.
O passe é, portanto, um ritual presente na Umbanda.
Nela, o consulente se dirige ao espírito guia para fazer uma consulta. Recebe dele uma bênção e pode fazer perguntas e pedidos.
É feito um ritual de descarrego em que o "guia" purifica o consulente. Sobre o passe é utilizada a expressão "dar um passe" ou "tomar um passe”.
Cada linha da Umbanda aplica o passe de modos distintos.
Os pretos-velhos, por exemplo, fazem gestos estalando os dedos e fazendo o sinal da cruz sobre várias partes do corpo do consulente, como a cabeça, a nuca, as costas e as mãos.
Também usam objetos como velas, crucifixos, ervas e fumo.
