Axé
Afoxé
São grupos folclóricos do carnaval da Bahia.
O nome também é extensivo à festa semi-religiosa em que esses grupos saem às ruas, no cumprimento de obrigações de certos Candomblés.
Nessas ocasiões os grupos de se utilizam de cantos e danças derivados de pontos tradicionais do Candomblé, fato que vem tornando a prática objeto de discussões e objeções.
Se por um lado é uma manifestação definitivamente incorporada ao Carnaval baiano, por outro é considerado como aberração e desrespeito às cerimônias religiosas dos Candomblés.
A crítica mais acentuada diz respeito à forma leiga e popularesca com que os pontos tradicionais do Candomblé, alguns até considerados secretos pelos tradicionalistas, são apresentados pelos grupos, além da utilização, de forma estilizada, dos rituais litúrgicos daquele culto.


As Quizilas de Santo
Veja também:
As Quizilas de Santo são as proibições alimentares prescritas para os filhos-de-santo.
Tudo que o Orixá de Cabeça do filho-de-santo come, também faz bem a este. Tanto é verdade que há a norma do filho-de-santo, quando faz a oferenda de um alimento a seu Orixá, comer junto, para que aquele não se ofenda.
Na casa do orixá, a ingestão de comidas votivas é não apenas permitida, mas sim obrigatória.
É imprescindível participar do banquete sagrado.
A quizila refere-se ao consumo desse alimento específico fora do Ilê do Orixá: na vida cotidiana do filho de santo, é proibido desfrutar as mesmas comidas que alimentam o orixá. Se desobedecer, “faz mal”.
A razão dessa proibição reside na intenção de delimitar dois espaços, rigorosamente separados, que o momento ritual do oferecimento do alimento permite juntar.
É pela mediação do ritual, repetido inúmeras vezes ao longo do tempo, que se abre o espaço sagrado.
Comer alimentos sagrados é assegurar a sacralização do próprio corpo.
No Ilê orixá, o iniciado participa do banquete dos deuses, nutre-se do mesmo material de que é feita a sua cabeça, reforça a sua identidade como parente de determinada divindade.
Fora do espaço sagrado, lhe é proibido ingerir essas mesmas substâncias, porque seu corpo também é um espaço, que pelo cumprimento dos preceitos é constantemente mantido em condições de se tornar receptáculo da divindade.
Por isso tem de abster-se de ingerir comidas rejeitadas pelo seu orixá, e até mesmo aproximar-se delas.
Quebrar quizila, nessa perspectiva, é praticamente uma autodestruição.
As Quizilas dos Orixás
Todas as coisas emanam energia e vibrações. Isso se aplica tanto aos elementos da natureza, animais, vegetais etc, como às cores, as situações, e aos alimentos.
Quando essa vibração é incompatível com a vibração própria de um determinado Orixá, estabelece-se a quizila ou “èèwò”, que é a proibição de seu consumo ou uso, por esse Orixá, e isso se estende aos seus filhos-de-santo.
Essas energias e vibrações ora referidas não são negativas. Apenas são as energias contrárias á energia inerente a cada Orixá.
Algumas dessas quizilas decorrem de situações indesejáveis vivenciadas pelos Orixás – ver suas lendas específicas - em que estiveram presentes os alimentos ou os elementos a que se referem essas quizilas.
Essas quizilas se estendem aos filhos-de-santo desses Orixás.
Como exemplo dessas quizilas, tem-se:
A Oxalá - é proibido o dendê, e o vinho da palma A Yansã - não é permitida a abóbora e o carneiro A Obá - é vedado comer carnes fibrosas.
A Xangô - é proibido o consumo de feijão branco.
A Exu - é proibido ingerir água e mel em excesso A Ogun – é vedado o consumo de quiabo.
A Oxossy - é proibido o mel de abelha.
Assim:
A proibição do consumo de vinho de palma a Oxalá decorre dele, numa determinada situação, ter ingerido a bebida, e, bêbado ter-se deixado dominar pelo sono, do que se aproveitou Odudua, seu irmão, para roubar-lhe o “Saco da Criação” que lhe fora dado por Ólódumaré.
A proibição de Yansã: diz a lenda que, certa feita Yansã quase foi morta por seus inimigos, por culpa de um carneiro que a traiu, tendo-se escondido numa plantação de abóboras por uma noite inteira. Logrando escapar da morte, Yansã, por gratidão à plantação que a abrigou, jurou jamais voltar a comer abóbora, assim como carne de carneiro, face à traição de que foi vítima.
No caso de Obá: reza a lenda que Obá, certa feita, foi induzida por Oxum a cortar uma de suas próprias orelhas, para, cozinhando-a no feijão branco, servi-la a Xangô, objetivando conquistar a simpatia daquele Orixá. Óbviamente a reação foi o oposto: Xangô ficou indignado, censurou Obá e passou a evita-la. Decorre daí a proibição a Obá, do consumo de carnes fibrosas que tem constituição semelhante à da orelha perdida.
A quizila de Xangô decorre da mesma ocorrência descrita na lenda de Obá, que originou o horror de Xangô pelo prato de feijão-branco onde estava a orelha de Obá, que lhe foi servido por aquela Yabá. E assim por diante.
