Axé
Afoxé
São grupos folclóricos do carnaval da Bahia.
O nome também é extensivo à festa semi-religiosa em que esses grupos saem às ruas, no cumprimento de obrigações de certos Candomblés.
Nessas ocasiões os grupos de se utilizam de cantos e danças derivados de pontos tradicionais do Candomblé, fato que vem tornando a prática objeto de discussões e objeções.
Se por um lado é uma manifestação definitivamente incorporada ao Carnaval baiano, por outro é considerado como aberração e desrespeito às cerimônias religiosas dos Candomblés.
A crítica mais acentuada diz respeito à forma leiga e popularesca com que os pontos tradicionais do Candomblé, alguns até considerados secretos pelos tradicionalistas, são apresentados pelos grupos, além da utilização, de forma estilizada, dos rituais litúrgicos daquele culto.


Umbanda
A Umbanda é uma religião brasileira nascida no Rio de Janeiro, nos anos 20, da mistura de crenças e rituais africanos e europeus.
As raízes umbandistas encontram-se em duas religiões trazidas da África pelos escravos: a Cabula, dos bantos, e o Candomblé, na nação nagô.
A Umbanda considera o universo povoado de entidades espirituais, os guias, que entram em contato com os homens por intermédio de um iniciado (o médium), que os incorpora.
Tais guias se apresentam por meio de figuras como o caboclo, o preto- velho, o exú, a pomba-gira, etc.
Os elementos africanos misturam-se ao catolicismo, criando a identificação de orixás com santos.
Outra influência é o espiritismo kardecista, de origem francesa, que acredita na possibilidade de contato entre vivos e mortos e na evolução espiritual após sucessivas vidas na Terra. Incorpora ainda ritos indígenas e práticas mágicas europeias.
As entidades da Umbanda
O comando de toda Tenda de Umbanda é, como já referido, sempre confiado às entidades espirituais que se manifestam, subordinando-se estas à liderança do espírito que incorpora no pai ou mãe-de-santo.
Essas entidades obedecem a uma hierarquia, ocupando o topo da escala, em nível de igual poder de autoridade, os Caboclos, os Pretos Velhos e os Erês (Crianças).
A superposição de uma dessas falanges sobre as demais no comando do trabalho desenvolvido pela Casa decorre da maior afinidade que tenha o pai ou mãe-de-santo com uma das três, cujo guia passa a ser o líder e o conselheiro, regendo a manifestação das demais entidades.
Por esse motivo observa-se variação no comando e mesmo no tipo de atividade desenvolvida pelas entidades nas diversas casas, verificando-se que em alguns terreiros o comando maior é exercido por um caboclo, enquanto em outros o comando é detido por um preto-velho, e, em outros ainda, embora com menor frequência, a direção é exercida por um Erê.
As entidades que se manifestam na Umbanda, e que se ocupam de atividades de trabalho útil, exercendo a função de mensageiros dos Orixás, constituem-se em espíritos que, após longo ciclo de reencarnações, adquiriram mérito espiritual para, deixando de voltar ao mundo com um corpo, poderem continuar seu processo de evolução espiritual ajudando a humanidade por meio de comunicações e trabalho, quer através de atuação via fenômenos de incorporação, quer através de atuação exclusivamente no plano espiritual.
A referência a “atividades de trabalho útil” considera o fato de que, durante as sessões de Umbanda, em determinadas circunstâncias, ocorre a manifestação de entidades estranhas aos trabalhos, habitualmente espíritos carentes, não suficientemente iluminados e na maior parte das vezes imersos em sofrimento, que se aproximam, voluntariamente ou por intermédio da gestão das correntes espirituais participantes, para que possam receber orientação e encaminhamento, de forma a melhorar sua posição no astral. Nessas circunstâncias, sua manifestação não pode ser inserida naquela classificação.
É fato sabido que apenas uma pequeníssima parte dos espíritos componentes de uma Corrente de Umbanda participa do fenômeno de incorporação, podendo, ser identificada pelos adeptos. A maior parte desse contingente, composto por milhares de entidades, permanece em atividade espiritual no plano astral, cada qual respondendo pela execução de uma tarefa específica que lhe é confiada.
Nos fenômenos de incorporação, para encontrarem maior facilidade de comunicação com os homens, as entidades que se manifestam assumem características pelas quais sejam facilmente identificáveis com os aspectos da vida terrena, em formas correlacionadas com a vida humana.
Dessa maneira, entidades que se apresentam como pretos-velhos, índios, caboclos, boiadeiros, etc., não foram, necessariamente, tais figuras em sua última encarnação, apresentando-se nessas identidades como recurso ideoplástico destinado a permitir-lhes maior integração e proximidade com os consulentes.
De fato, pode-se relacionar facilmente as características básicas dessas correntes de trabalho com as características do ser humano, e com a natureza do trabalho que exercem no decorrer de uma sessão.
Os Erês (crianças alegres e brincalhonas), os Caboclos (fortes e vigorosos) e os Pretos-Velhos (sábios e pacientes), por exemplo, relacionam-se perfeitamente com as principais faixas etárias do homem: a infância, a idade adulta e a velhice, num paralelo de semelhanças e comportamento que facilita a aproximação entre aquelas entidades e o homem.
Da mesma forma as demais correntes atuantes congregam entidades que se apresentam com formas diversas, porém sempre, de alguma forma, estreitamente relacionadas com o cotidiano humano.
Por essas razões a grande penetração da Umbanda entre a população, a qual é devida, mais do que à compreensão de suas finalidades e objetivos, ao trabalho desenvolvido pelas entidades que se manifestam e que atuam entre seus seguidores sem qualquer postura hierárquica ou de prepotência, garantindo, dessa forma, o respeito e o acolhimento aos conselhos ministrados.
Essas entidades são chamados de "espíritos de luz" porque trabalham para o bem, e são organizadas e linhas e falanges (legiões) de uma forma quase militar.
Cada linha está sob a direção de uma deidade africana ou Orixá ou Orisha e, embora os nomes e configurações exatas variem dentro da Umbanda, eles são em sua maioria compostos a partir de divisões étnicas, como, por exemplo: "Povo de Moçambique", "Legião de Tupi- Guarani".
Em geral, os espíritos nos rituais da Umbanda se enquadram nas seguintes categorias:
Caboclos - espíritos indígenas, como o Sete Encruzilhadas
Pretos Velhos - os espíritos de velhos escravos brasileiros
Exus - mensageiros dos orixás; entidades mais próximas dos humanos, protegendo as suas estradas, caminhos. Praticam unicamente o bem. Se vierem para o mal, não são Exus, nem Umbanda.
Pombas Giras - entidades da linha da esquerda com hierarquia própria, erroneamente colocadas como femininas de Exu.
Erês ou Crianças.
Existem, também os espíritos banidos da Umbanda que são entidades que trabalham para o lado obscuro, dentro da Quiumbanda, um tipo de oposto negativo da Umbanda.
Os Rituais na Umbanda
Os rituais da Umbanda visam evocar o Orixá ancestral e toda sua hierarquia composta por Orixás menores, Guias e Protetores.
Os rituais não têm forma ou modo definido de modo que variam de casa para casa e estão subordinados às decisões de cada Pai-de-santo e de cada entidade protetora do terreiro.
O local onde se dá as celebrações e o atendimento do público é geralmente uma casa denominada por tenda que contém um terreiro e um salão apropriado para sessões.
Os rituais da Umbanda seguem a simplicidade de todos seus demais aspectos.
Nunca foi permitido sacrifícios de animais.
Não utiliza atabaques ou quaisquer outros objetos e adereços.
Contudo, em algumas das Tendas fundadas pelo Caboclo das Sete Encruzilhadas os atabaques, com o passar do tempo, começaram a ser usados.
Todos os membros se vestem de branco, numa forma de demonstrar a pureza de suas intenções e numa maneira de patentear a igualdade de posições independentemente da situação social dos praticantes.
Os trabalhos se iniciam geralmente com uma prece, que tanto pode ser de origem católica ou kardecista, ou com um cântico, denominado “ponto cantado”, geralmente em homenagem a Oxalá, representando todos os Orixás. Em seguida, é feita a abertura dos trabalhos, com o canto apropriado, seguindo-se os despachos e oferendas a Exú, que são feitos de forma bastante singela e rápida, objetivando garantir proteção e segurança para o terreiro e para os trabalhos. O passo seguinte é a realização da defumação dos participantes, inclusive da assistência, no intuito de obter o nivelamento vibratório indispensável à harmonia da sessão.
Seguem-se alguns poucos e rápidos cânticos de chamamento das correntes de trabalho. Esses cantos destinam-se ao estabelecimento de “mantras” que facilitam a concentração dos médiuns, agindo ainda como catalizadores da atenção da platéia.
Tem então lugar as “giras” de passes, consultas e limpeza, tal como esteja determinado pela sequência ritual adotada pela Casa, antes e ao fim de cada qual são entoados os cânticos correspondentes às falanges ou entidades designadas para cada etapa específica.
Ao final, é feito o encerramento, que compreende o canto do ponto adequado e a récita da prece final que, a exemplo da de abertura, geralmente é uma oração católica ou kardecista, agora de agradecimento pelos trabalhos realizados e pelos ensinamentos recebidos.
Terminologia dos rituais na Umbanda
Abó
Banho de odor desagradável, em cuja composição entram várias ervas.
Abrir a Gira
Iniciar uma sessão ou uma cerimônia em que haverá formação de corrente vibratória.
Amací
Banho de ervas, feito para lavar a cabeça.
Amalá
Comida que se dá aos Orixás.
Atabaque
Tambor usado para acentuar o ritmo dos pontos.
Baixar
Possuir por parte do orixá ou entidade, o corpo de um filho ou filha de santo.
Banda
Lugar de origem de entidade.
Bater cabeça
É como é chamado o ato de prostração, a reverência dada ao chefe do terreiro, por exemplo. O contexto desse gesto varia de terreiro para terreiro, sendo unânime que seja feito antes da defumação.
Como ocorre em muitas outras religiões, só pode ser realizado por líderes religiosos, no caso o Babalorixá ou Iyalorixá.
Burro ou Cavalo
Termo usado pelos exús incorporados para designar o médium.
Calunga Grande
Mar; oceano.
Calunga Pequena
Cemitério.
Cambone ou cambono
Auxiliar ou assistente do Orixá.
Carregado
Cheio de maus fluídos.
Cazuá
Terreiro, Templo, Local.
Dar firmeza ao Terreiro
Riscar ponto na porteira, sob o altar, defumar, cantar pontos, etc. São feitas antes de uma sessão, para afastar ou impedir a entrada de más influências espirituais.
Dar passagem
Ato do orixá ou guia deixar o médium para que outra entidade nele se incorpore.
Dar passes
Até da entidade, através do médium incorporado, emitir vibrações que anulem as más influências sofridas pelos clientes, através de feitiço, olho gordo, inveja, etc. E que abrem os caminhos.
É usada para purificar o ambiente, através do seu aroma desfaz no ambiente todo o negativo expulsando os espíritos trevosos.
Descarregar
Livrar alguém de vibrações maléficas ou negativas.
Nome dado a rituais para limpeza espiritual ou livrar-se de cargas negativas, podem ser banhos com ervas especiais como a guiné, a arruda, a espada-de-ogun, o alecrim, etc ou rituais como a Roda de Fogo em que se usa pólvora que é incendiada.
Descer
Ato de orixá ou entidade incorporar.
Desencarnar
Ato do espírito da pessoa deixar o corpo: morrer.
Descarga
Ação de afastar do corpo de alguém ou de um ambiente, vibrações negativas ou maléficas por meio de banhos, passes, defumação, queima ou pólvora.
Despachar
Colocar, arriar em local determinado pelos orixás ou entidades, as guias, ou os restos de oferendas.
Despachar Exu
Enviar a exu por meio de oferendas (de bebidas, comidas, cânticos e sacrifício animal), para impedir de perturbar a cerimônia.
Despacho
Oferenda feita a exu com a finalidade de enviá-lo como mensageiro aos orixás e de conseguir sua boa vontade, para que a cerimônia a ser feita, não seja perturbada. Oferta feita por terreiros de Quimbanda com a finalidade de pedir o mal para alguém, geralmente colocado em encruzilhada.
Desenvolvimento
Aprendizado dos iniciados para melhoria de sua capacidade mediúnica; com a finalidade de incorporação de entidades.
Ebó
Presente, oferenda.
Encarnação
Ato de vir um espírito à vida terrestre, tomando um corpo, ou voltar num corpo novo e continuar sua evolução espiritual.
Encosto
Espírito de pessoas mortas, que se junta a uma pessoa viva, conscientemente ou não, prejudicando-a com suas vibrações negativas.
Encruza
Local onde habitam os exus; é o cruzamento dos caminhos, vias férreas, ruas, etc.
Encruza
Ritual realizado pelo dirigente espiritual antes do início das sessões e que consiste em traçar cruzes com pemba na testa, nuca, no peito, nas costas, na palma das mãos e na sola dos pés.
Engira
O mesmo que gira, trabalho, sessão.
Entidades
Seres espirituais na umbanda.
Espírito de Luz
Espírito muito desenvolvido, superior e puro.Espírito sem Luz: Espírito inferior, pouco evoluído, apegado à matéria.
Espíritos Obsessores
Espíritos sem nenhum desenvolvimento espiritual, que se apossam das pessoas, fazendo-as sentirem doentes, prejudicando-as em todos os sentidos.
Fechar a Gira
Encerrar uma sessão ou uma cerimônia em que tenha havido formação de corrente vibratória.
Fechar a Tronqueira
Fechar o terreiro às más vibrações dos quiumbas, por meio de defumação e aspersão de aguardente nos quatro cantos do local onde se realizará o culto.
Feitiço
Irradiação de forças negativas, maléficas contra alguém, despacho, objeto que contém vibrações maléficas.
Filho de Fé
Designação do médium iniciante ou não.
Filho de santo
Médium com batismo na Umbanda, com o Guia Identificado.
Firmar Porteira
Riscar a entrada do templo, um ponto especial para protegê-lo de más influências ou fazer defumação na entrada.
Firmar
Concentrar-se para a incorporação.
Firmar Anjo da Guarda
Fortalecer por meio de rituais especiais e oferendas de comida votivas e orixá patrono do médium.
Firmar Ponto
Cantar coletivamente o ponto (cântico) determinado pela entidade que vai dirigir os trabalhos para conseguir uma concentração da corrente espiritual.
Firmeza
O mesmo que segurança, conjunto de objetos com força mística (axé); que enterrados no chão protegem um terreiro e constituem sua base espiritual.
Fundamentos
Leis de umbanda, suas crenças.
Fundanga
Pólvora.
Como são chamadas as sessões onde se reúnem os espíritos de várias categorias. As giras podem ser festivas, de trabalho ou de treinamento. Sessão religiosa, com cânticos e danças para cultuar as entidades espirituais.
Guia
Protetor do médium; colar de contas, pedra ou metal.
Guia de Cabeça
Orixá ou entidade principal do médium.
Mãe de Santo
Mulher dirigente do terreiro, ou médium coroada.
Mãe ou Pai pequeno
Auxiliar imediata da Mãe ou Pai de Santo. Segundo no comando da Casa.
Marafa ou marafo
Aguardente, qualquer tipo de bebida alcoólica.
São a prática de dispor comida ritual e objetos específicos nos templos ou locais ao ar livre, em dias e para fins especiais. As oferendas são agradecimentos aos Guias e Orixás. As vertentes com mais influência dos cultos africanos como a Umbanda de Nação se utiliza de ebós que são para finalidades próprias como reequilibrar aspectos da vida da pessoa, porém, diferente de alguns cultos africanos, a Umbanda não se utiliza do sacrifício de animais.
Oferenda a exu
Oferenda feita a exu com finalidade de desfazer trabalhos maléficos.
Gesto de imposição de mãos presente também no kardecismo. Pai de Santo – homem dirigente do terreiro, ou médium coroado.
Patuá
Talismã usado para dar sorte ou proteção.
Pemba
Giz especial com que se riscam os pontos.
Perna de calça
Homem na linguagem dos pretos velhos e exus.
Ponto de Abertura
Cântico de abertura de uma sessão.
Ponto de Chamada
Cântico que invoca as entidades para vir ao terreiro trabalhar.
Ponto de Defumação
Cantado enquanto é feita a defumação do ambiente e dos presentes.
São as músicas e cantos entoados como forma de louvor ou invocação.
São diagramas desenhados no chão como ângulos, retas, símbolos Porteira: Entrada do templo.
Preceito
Determinação. Prescrição feita para ser cumprida pelos fiéis. Representativos, desenhos geométricos, pontos cardeais, etc representando a assinatura do Guia.
Puxar o Ponto
Iniciar um cântico. É geralmente feito por um ogan, em seguida acompanhado pelos médiuns.
Quebrar as Forças
Neutralizar o poder de qualquer feitiço seja para o bem ou para o mal.
Rabo de Saia
Mulher na linguagem dos pretos velhos e exus.
Riscar Ponto
Fazer desenhos de sinais cabalísticos que representam determinadas entidades espirituais e que possuem poderes de chamamento das mesmas ou lhe servem de identificação.
Saravá
Cumprimento comum e geral na Umbanda, o mesmo que. Salve.
Sessão de Umbanda
Cerimônia que realiza rituais geralmente com a finalidade de cura física e espiritual. Por meio de guias, após dança e toques, com o uso do ponto cantado e riscado, pólvora, aguardente, defumações. Também sessão de desenvolvimento, de aprendizado e aperfeiçoamento dos médiuns, sessões festivas, públicas, com toque de atabaque e danças.
Toco
Vela, charuto, cigarro, banco.
Tomar Passe
Receber das mãos dos médiuns em transe vibrações da entidade, as quais retiram do corpo da pessoa os males provocados por vibrações negativas, provenientes de mau olhado, encosto, castigo das entidades, etc.
A Mediunidade na Umbanda
A Umbanda é uma religião de caráter ecumênico e agregador.
Isso significa que é universal e, apesar de possuir algumas diretrizes próprias, incorpora elementos e matrizes de diversas outras crenças e doutrinas, dentre elas a Espírita Kardecista.
Dois dos principais preceitos umbandistas são as crenças na reencarnação e no fato de todos os seres humanos serem, em maior ou menor escala, médiuns e sensitivos por natureza, com dons variantes como a incorporação, a intuição e a psicografia.
A mediunidade na Umbanda geralmente está relacionada à ligação estabelecida com entidades e guias espirituais, cuja missão é trazer mensagens de conforto e orientação.
A mediunidade é um recurso utilizado por espíritos de luz para cumprirem missões de auxílio no plano físico, utilizando médiuns como interlocutores.
A mediunidade na Umbanda é uma oportunidade de crescimento pessoal e espiritual pelo resgate cármico, uma forma de equilibrarmos erros e acertos de vidas passadas no constante caminho evolutivo da alma.
As capacidades e dons mediúnicos todos possuem, de forma mais ou menos acentuada não é algo ao qual decidimos nos candidatar, uma vez que isto é definido pelos guias espirituais antes mesmo de cada encarnação.
A mediunidade na Umbanda utiliza-se da abertura de determinados canais energéticos (chakras) para que seja estabelecida a ponte entre o plano físico e o espiritual.
Se o médium estiver alinhado harmoniosamente com espíritos de luz não há problema nenhum, mas se eventualmente acontecer qualquer desvio, seres de sombra poderão se aproveitar. Portanto é sempre importante ter cuidado.
Para evitar esses problemas, é preciso tomar medidas simples porém efetivas, como os banhos de descarrego e as orações aos anjos da guarda, embora a melhor prevenção seja mesmo sempre cultivar a conexão com espíritos iluminados, por meio de pensamentos, escolhas e ações.
A Iniciação dos Fiéis
A simplicidade da Umbanda também se encontra presente nos rituais de Enquanto no Candomblé exige-se do iniciante a submissão a uma extensa
série de cerimônias preparatórias, na Umbanda é costume exigir-se do iniciante apenas o conhecimento dos princípios fundamentais do culto, a honestidade de propósitos e o desenvolvimento de suas habilidades mediúnicas.
Para isso, as Tendas organizam cursos especiais de doutrinação, onde os adeptos iniciantes aprendem os fundamentos do culto, enquanto paralelamente, em sessões apropriadas e denominadas de “trabalhos de desenvolvimento”, aprendem a libertar seus dotes mediúnicos naturais, permitindo a ocorrência dos fenômenos de incorporação ou outros, de acordo com as características inerentes a cada mediunidade individual.
Não há prazo definido para esse aprendizado, diferindo o período para cada indivíduo, tanto em função de sua maior ou menor aplicação, como em função do grau de desenvolvimento natural de sua própria mediunidade.
Ao cabo desse aprendizado, oportunidade em que o adepto já compreende os mecanismos de funcionamento da Casa e já se encontra de posse do domínio de suas faculdades mediúnicas, ele recebe o convite para participar dos trabalhos habituais da Tenda, passando as entidades que recebe ao exercício das funções espirituais que lhe são correspondentes.
Da dedicação do adepto às obrigações que então assume, no sentido de respeitar as regras da Casa, e de manter-se disponível e dedicado para o trabalho nas sessões que lhe foram determinadas, a par de seu próprio comportamento individual, e, de acordo com o aprimoramento que venha a obter em sua evolução mediúnica, decorre a outorga ao praticante, dos graus hierárquicos, que são chamados de “corôas”, dentro da Casa.
O praticante recebe, ao início de sua atividade a graduação de “Iaô”, que lhe é outorgada quando assume, definitivamente, seu compromisso de trabalho, seguindo-se os demais graus, “Vodum”, “Ebani” e “Babalaô”. que lhe são atribuídos a períodos determinados, sempre sob a aprovação do guia espiritual da Casa.
Além dessas “coroas”, há uma última e maior graduação, a de “Babalorixá”, ou “Yaloxirá” que corresponde ao chefe maior de toda a comunidade, tal seja ele homem ou mulher.
A Incorporação na Umbanda
A Umbanda nem sempre foi uma religião organizada como é hoje, e uma das grandes evoluções que a ela conquistou foi a possibilidade de doutrinar as entidades que desejassem trabalhar em parceria com os médiuns.
A incorporação sempre aconteceu mesmo nas religiões mais tradicionais, como é o caso do catolicismo. Entretanto, a incorporação na Umbanda foi adotada como uma forma de permitir que espíritos em busca de luz pudessem se manifestar.
Tudo isso em benefício dos irmãos que precisassem carmicamente trabalhar como “cavalos”, bem como em benefício dos irmãos necessitados que procurassem um terreiro, e, ainda, em benefício dos próprios espíritos que também evoluem pela prática dos trabalhos que exercem quando realizam a incorporação.
A falta de informação e de direcionamento para uma bibliografia adequada faz com que muitos filhos de santo que sentem “vibrações” tenham medo de incorporar. Isso por conta das histórias que ouvem sobre sair do próprio corpo, desmaiar, serem acometidos por visitas noturnas, serem possuídos para sempre e até mesmo fazerem passagem por conta de incorporar uma entidade ou um obsessor.
A incorporação é o nome dado ao processo mediúnico onde um “aparelho”, ou seja, um médium se comunica com um espírito trabalhador da luz. No entanto, não há real incorporação, pois se uma alma abandonasse um corpo, o mesmo morreria.
O que existe é um contato entre a mente do médium e a mente do espírito, e por isso muitos relatam que, por vezes, contra o seu desejo mental, percebem que suas bocas estão falando aquilo que as entidades sopram na mente. Portanto, esse processo é telepático e o nome que se dá é psicofonia.
O fumo e a bebida são veículos espirituais de descarrego e transmutação de energias negativas na Umbanda. Por isso, em centros sérios, não é permitido o uso irrestrito do álcool ou do fumo: esse uso deve ser consciente e somente direcionado para a limpeza.
Muito do exagero no uso se deve a desequilíbrios de ordem psico- espiritual do próprio médium, e não da entidade. Por isso, é preciso estar preparado física, emocional e espiritualmente para iniciar o desenvolvimento.
O processo de incorporação é complexo, tanto quanto a elaboração de uma fórmula matemática ou a construção de um prédio, e por isso exige atenção por parte dos chefes de terreiro e dos médiuns.
É fundamental seguir as preparações que são praxe na Umbanda: resguardo no dia anterior, banho de descarrego, defumação da Casa, apoio dos guardiões, firmamento de velas e pontos riscados, pontos cantados sob a firmeza do atabaque.
Sem essa proteção, incorporar pode sim ser um processo arriscado, pois pode dar passagem a um espírito zombeteiro que não está interessado em evoluir espiritualmente.
A mediunidade é uma dádiva espiritual, mas também uma dívida que uma alma assume ao reencarnar em nosso planeta.
Existem diversas formas de mediunidade, ou seja; várias maneiras de servir espiritualmente: há médiuns que ouvem, que vêem, que psicografam, que intuem, que sonham, que benzem, que oram. Há, portanto, uma infinidade de trabalhos possíveis e cada um deles foi oferecido como dom a uma alma que pudesse dar conta do mesmo.
Assim sendo, não há um pior ou melhor; há simplesmente médiuns que precisam trabalhar com esse tipo de processo e assumirem um compromisso espiritual em uma casa de santo.
A organização material da Umbanda
O funcionamento de uma Tenda não se restringe, obviamente, às atividades de natureza puramente espiritual.
Para que estas se processem com normalidade e segurança, faz-se necessário o suporte administrativo da Casa, e, durante a realização dos cerimoniais, da organização material destes, o atendimento aos guias que se apresentam e a orientação do público frequentador.
No setor administrativo membros da Casa se ocupam, voluntariamente, dos aspectos materiais da manutenção da Tenda, do abastecimento, da organização dos serviços rotineiros e do atendimento aos frequentadores da Casa.
Na “Gira”, durante os cerimoniais, participam outros integrantes da comunidade, além dos médiuns de incorporação participantes.
São adeptos já iniciados, médiuns desenvolvidos ou não, que nessa oportunidade não participam das atividades de incorporação, e aos quais cabe atender às necessidades dos guias incorporados e executar as demais funções materiais relativas ao suporte aos trabalhos: são os cambonos.
Os cambonos também se subordinam a uma escala de graduação, identificadas por “corôas” que lhes são atribuídas em função de seus graus de capacidade, antiguidade e dedicação.
Essas “coroas” são, em ordem ascendente: “Equédi”, “Ogan”, “Grande- Ogan”, e “Grande-Ogan-Coloé”.
As funções dos Interventores
As “coroas” atribuídas aos participantes dos trabalhos não se constituem, na verdade, em prêmio ou galardão por sua capacidade, lealdade, antiguidade, ou evolução, embora nesses quesitos se apoiem os critérios para sua concessão.
As “coroas”, mais do que tudo, representam, um compromisso sempre crescente daqueles que as recebem para com seu trabalho, na medida que lhes outorgam maiores responsabilidades - tanto maiores quanto maior for a graduação - e por esse prisma devem ser entendidas pelos praticantes.
Constituem, no entanto o reconhecimento e a medida do progresso e da evolução pessoal de cada qual.
A cada “coroa” corresponde uma obrigação. Assim:
Ao “Iaô” cabe o exercício do fenômeno da incorporação, permitindo aos guias que se manifestem enquanto ele próprio e os guias que com ele trabalham acumulam experiência e evoluem.
O “Vodum” é, basicamente, um “Iaô” mais experiente, mais evoluído, e seus guias, igualmente. Tal grau é-lhe outorgando após algum tempo de trabalho e fundamentado na evolução que apresente.
O “Ebani”, grau seguinte, já representa um médium bastante e adequadamente desenvolvido, capaz de controlar eficientemente o fenômeno da incorporação. Seus guias aprimoraram seus conhecimentos e adquiriram maior capacidade de direção. O “Ebani”, já reúne condições para exercer o comando de um trabalho, sob a supervisão de um “Babalaô”, podendo, ainda, em condições emergenciais, substitui-lo.
O “Babalaô” se constitui no Chefe da Casa, seu expoente maior, e seus guias são aqueles que dirigem os trabalhos e aos quais se subordinam todas as entidades espirituais, os praticantes e os frequentadores.
Todas essas “coroas” são atribuídas aos médiuns por decisão do guia que comanda os trabalhos da Casa.
O “Babalorixá” é o Chefe da Corrente de Trabalho, e Dirigente Maior da Tenda e de todas as demais que lhe sejam filiadas. Os guias que com ele trabalham, tem predomínio correspondente no âmbito espiritual. A escolha do “Babalorixá” seguinte é feita, tempestivamente, pelos guias de seu antecessor entre os “Babalaôs” filiados, e sua ascensão ao cargo se dá pelo falecimento daquele que o antecedeu.
Paralelamente, a coroação dos Cambonos obedece aos mesmos critérios. Assim:
Os “Equédis” são os atendentes iniciantes, e se incumbem das atividades de atendimento aos guias incorporados e da orientação dos frequentadores.
Os “Ogans”, correspondem aos superiores imediatos dos “Equédis”, cabendo-lhes supervisão do atendimento material desenvolvido por aqueles auxiliares. São os responsáveis pelo bom andamento dos trabalhos, pela organização da “Gira “, pela direção geral dos cerimoniais e pela organização geral da Casa.
Os “Grandes-Ogans”, são os responsáveis por todos os “Ogans” da Casa, função na parte material que equivale àquela exercida pelo o “Balalaô” no que respeita à espiritualidade.
O “Grande-Ogan-Colofé” é o detentor desse título honorífico que na materialidade equivale ao de “Babalorixá” na espiritualidade. É o dirigente de todos os que exercem funções relativas à materialidade, na Tenda e nas que lhe são filiadas. É, normalmente, o dirigente material mais antigo da Comunidade.
Todos esses praticantes que se ocupam da parte material da Casa pódem ser, e em grande parte das vezes o são, médiuns já desenvolvidos ou em processo de desenvolvimento, e participam dos cerimoniais, tanto na condição de “cambonos”, como na de “médiuns” , dependendo de sua disponibilidade, do tipo de cerimonia que tem lugar e das necessidades da Casa.
As linhas de trabalho na Umbanda
Dentro da Umbanda existe uma organização em que espíritos e entidades trabalham por um bem comum seguindo um Orixá, que atua como uma espécie de chefe.
Cada linha tem uma vibração e existe para um propósito, que sustenta e influencia a vida de todos
Linha Religiosa
O Orixá desta linha é Oxalá, que é seguido por caboclos, povos do Oriente e Santos Católicos. Dentro do sincretismo religioso, ela é representada por Jesus Cristo. A Linha Religiosa é a primeira das 7 linhas da Umbanda, a que comanda as outras e funciona como o reflexo de Deus, o início, a fé e a religiosidade.
Linha do Povo d´água
Sua líder é Iemanjá, que dentro do sincretismo religioso é representada por Nossa Senhora da Conceição. Atrás dela vem Orixás femininos, sereias, Iaras, ninfas, caboclas dos rios, etc. Esta é a linha mais feminina, que trabalha com o poder do mar e da água salgada, além da gestação.
Linha da Justiça
Liderada por Xangô e São Gerônio, esta linha coordena a lei kármica e tudo relacionado à justiça e à razão. É sincretizado como São Jerônimo, Santa Bárbara e São Miguel Arcanjo. Este Orixá segue acompanhado por policiais, juristas, advogados, caboclos e pretos velhos.
Linha das Demandas
Ogum é seu líder, que no sincretismo é representado por São Jorge. São acompanhados por boiadeiros, militares, caboclos e baianos. Esta é a divindade que protege os guerreiros, que nos ajuda com as aflições da fé e nas batalhas do dia a dia. Também estimula o equilíbrio e a ordem.
Linha dos Caboclos
Oxóssi e São Sebastião são os líderes desta linha, que atende na doutrina e na catequese. Também trabalha com o conhecimento. São seguidos por caboclos, caboclas, índios e boiadeiros.
Linha das Crianças
Liderada por Iori, que dentro do sincretismo é representado por Cosme e Damião, é composta por crianças de todas as raças. São entidades altamente evoluídas que são conhecidas por suas vozes infantis e vivas.
Linha dos Pretos Velhos ou das Almas
Iorimá e São Benedito são os líderes desta linha, que é composta pelos primeiros espíritos que foram mandados para combater o mal. É composta por pretas e pretos velhos de todas as nações.
Hierarquia na Umbanda
A hierarquia na Umbanda pode variar dependendo da quantidade de membros, de modo que pode se dividir em um grupo administrativo e grupo espiritual, além de variar de acordo com o tipo de Umbanda (de nação, esotérica etc):
Chefe do terreiro. Responsável por toda a atividade espiritual que ocorre no terreiro, como iniciar, conduzir e encerrar as giras e estabelecer as ordens e doutrinas passadas pelo astral.
Babalaôrixá
Chefe supremo do terreiro.
Cambono
Médium designado a auxiliar a entidade trabalhando como um intérprete entre a entidade e o consulente.
Curimba
É o nome dado ao grupo responsável pelos toques e cantos sagrados dentro de um erreiro de Umbanda. Nesse grupo estão obviamente incluídos os curimbeiros. Esses pontos cantados, junto dos toques de atabaque, são de suma importância no decorrer da gira e por isso devem ser bem executados.
Curimbeiro ou atabaqueiro
Responsável por tocar e cantar os pontos cantados nas giras além do ensino a novos ogãs.
Curimbeiro, Tabaqueiro ou Ogã
É a pessoa que bate (toca) o tambor. Na realidade na Umbanda, a concepção de Ogã é totalmente diferente do Candomblé e do Omolocô, onde a pessoa é preparada especificamente para esse fim. A função do tambor é a de ajudar na invocação das Entidades, e deve ter toques harmoniosos e diferenciados para cada Linha.
Ebami
Grau seguinte ao de Ebami
Grande Alufá
Título outorgado a um dirigente máximo de um grupo de terreiros de Umbanda.
Grande Ogã ou Ogã Colofé
Dirigente material da Casa. Grau seguinte ao de Ogan. Chefe dos Ogans.
Grande Ogã Colofé
Dirigente maior da Casa, ao qual se subordinam os demais Ogans e Grandes Ogans.
Iaô
Médium que já passou pelo desenvolvimento, mas que ainda não completou o período de 7 (sete) anos após a iniciação.
Iabalaôrixá
Chefe suprema do terreiro. Equivalente feminino ao Babalaôrixá.
Iailaorixá (Mãe de Santo)
Chefe de terreiro. Equivalente feminino ao Babalaô.
Médium em desenvolvimento
Médiuns em processo de desenvolvimento. Portanto, ainda não dão consultas, mas, dependendo a orientação da Casa podem, eventualmente, incorporar em uma ou outra linha de trabalho.
Médium iniciante
Médiuns que ainda não incorporam, sendo às vezes colocados como cambonos até adquirirem experiência. A eles, em geral, são atribuídas as tarefas de atendimento às entidades que incorporam nos médiuns de trabalho, acendendo seus charutos, cachimbos e velas, quando necessário, bem como esclarecendo os consulentes com relação ao que dizem as entidades incorporadas.
Médium de trabalho
Médiuns que prestam consultas nas giras de atendimento e já passaram por todos os preceitos e obrigações (batismo, amaci e coroação). Conforme a Casa também são chamados de Médiuns Prontos ou Médiuns Feitos.
Ogã
Dirigente material da Casa.
Ogã ou alabê
Responsável pela curimba e instrutor dos toques de atabaques.
Pai Pequeno e Mãe pequena
São os futuros Babalorixás ou Ialorixás; e tem a função de auxiliarem o Babalaorixa ou Ialaorixa que comanda a Casa. São os responsáveis na ausência do pai ou mãe de santo. Têm os mesmos ensinamentos e participam de todos os rituais.
Transa
É a pessoa encarregada de distribuir as fichas de atendimento (quando é o caso), e de coordenar a entrada, na Gira, dos consulentes.
Vodum
Grau seguinte ao de Iaô
Mandamentos na Umbanda
São sete os mandamentos da Umbanda:
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Não faças ao próximo o que não queres que te façam.
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Não cobices o alheio.
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Socorre o necessitado, sem perguntar.
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Respeita todas as religiões, porque vêm de Deus.
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Não critica o que não entendes.
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Cumpre tua missão, mesmo com sacrifício.
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Defende-te dos malvados e resiste ao mal.














